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Enfrentando adversidades: doenças graves ou TSPT - Transtorno de Stress pós-Traumático

Dra. Ana Maria Martins Serra, PhD - Instituto de Terapia Cognitiva, São Paulo, SP

Foto da Dra. Ana Maria Martins Serra

Entre as novas áreas de aplicação da Terapia Cognitiva, destacamos sua utilização no contexto das doenças graves e terminais, uma área até há pouco tempo exclusivamente do domínio médico, e no tratamento de TSPT - Transtorno de Stress Pós-Traumático. TCC vem ganhando muito rapidamente reconhecimento crescente e maior espaço na literatura especializada em ambas essas áreas, conforme comprova o volume crescente de estudos de processo e eficácia na literatura internacional.

A ABPC - Associação Brasileira de Psicoterapia Cognitiva, sempre pioneira, teve a participação do Dr. Stirling Moorey, reconhecido especialista em ambas as áreas, na I Conferência Internacional de Terapia Cognitiva, realizada em São Paulo em Setembro de 2000, oportunidade em que o Dr. Moorey apresentou um excelente workshop sobre o tema.

A Terapia Cognitiva, quando introduzida no tratamento de pacientes com câncer, mostra-se eficaz, segundo inúmeros estudos controlados, em aumentar significativamente a sobrevida do paciente terminal. A aplicação ao tratamento de TSPT apresenta resultados igualmente encorajadores. Mas como atua a Terapia Cognitiva auxiliando pacientes a enfrentar adversidades? Primeiramente, ajuda-o a compreender o significado pessoal de sua patologia, possibilitando-lhe, através da aplicação de técnicas e estratégias terapêuticas extraídas do modelo aplicado de TCC, responder perguntas centrais relativas à ativação e manutenção de suas patologias:

- O que a doença significa a seu respeito como pessoa?

- O que significa ver-se vulnerável, desamparado, sem controle, abusado, abandonado, aflito, culpado, sem valor, dependente, inadequado, um fracasso?

- E os outros, os quais parecem insensíveis, alheios, incapazes de ajudar, não confiáveis, e o abandonam?

- Outros pacientes parecem mais capazes de enfrentar o mesmo quadro? Eles ainda detêm algum controle sobre suas vidas?

- Que novos comportamentos surgem diante do quadro de adversidade, envolvendo a si e outros, como dependência, queixas e demanda excessiva?

- Quais os comportamentos diretamente relacionados ao quadro?

- Qual s sua visão de futuro agora?

- Como sua visão a respeito de si, do mundo, e do futuro ativa cognições negativas sobre a doença e afeta o prognóstico?

Os estudos demonstram que, diante de adversidades, pacientes tendem a cometer distorções cognitivas como supergeneralização, pensamento dicotômico, abstração seletiva, e a sentir culpa. A intervenção cognitiva focaliza os seguintes aspectos: facilitar a adaptação; identificar e desafiar cognições e crenças disfuncionais; em termos metacognitivos, lidar com ruminação e preocupação; em termos de enfrentamento, distração e relaxamento; re-enquadramento positivo, utilização de sistemas de apoio social, e intervalos livres de preocupações.

Finalmente, no caso da aplicação de TCC a eventos e situações verdadeiramente adversos, como doenças terminais e TSPT, a intervenção psicoterápica é necessária também a fim de possibilitar ao paciente a diferenciação entre tristeza e depressão, a primeira resultado da ativação de crenças realistas de perda enquanto que a segunda é resultado de percepções distorcidas.

Literatura sugerida: de Stirling Moorey, Terapia Cognitiva em Situação, em Paul Salkovskis (Ed.) Fronteiras da Terapia Cognitiva, São Paulo: Casa do Psicólogo, 2005.

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