ITC - Instituto de Terapia Cognitiva Referência nacional e internacional em TCC no Brasil
Vídeo postado no YouTube em 1 de Janeiro de 2013.
Leia a TRANSCRIÇÃO abaixo ou assista ao vídeo no YouTube.
Olá, sou Ana Maria Serra, do Instituto de Terapia Cognitiva de Sáo Paulo, Brasil.
Hoje é o dia primeiro de Janeiro de 2013, primeiro dia do Novo Ano. Nesta época, vários de nós tendem a fazer um balanço do ano que passou, e tomar algumas decisóes com relação ao ano que se inicia, definindo resoluções que nos propomos a executar ou cumprir durante o ano seguinte. Gostaria, portanto, de hoje, lhes falar sobre Resoluções de Ano Novo, mas uma forma particular de Resoluções: Resoluções Cognitivas de Ano Novo, ou seja, resoluções que se alinham ao modelo cognitivo de funcionamento humano e que incluem certos aspectos desse modelo.
Iniciemos com uma importante Resolução. Sugiro que, para 2013 e para todos os próximos anos, tenhamos a seguinte:
Todos os anos, implícita ou explicitamente, ao fazermos um balanço do ano que acaba, definimos Resoluções para o Ano Novo. E, todos os anos, apesar de nossa sincera disposição, muitos de nós falhamos em cumpri-las! Falhamos até em começar a cumpri-las! Por que seria? A explicação mais comum é de que não tivemos força de vontade, ou não nos esforçamos o suficiente, ou de que somos negligentes em relação às nossas Resoluções, ou que fomos esquecidos. No entanto, uma outra explicação é possível: falhamos em cumprir nossas Resoluções de Ano Novo pois há algo de errado com as próprias Resoluções! Não falhamos em cumpri-las, mas, na realidade, falhamos em defini-las adequadamente. Desta forma, nossa primeira Resolução de Ano Novo é definir Resoluções de Ano Novo realistas, cujo cumprimento esteja dentro de nossa capacidade, para este momento em nossas vidas! Lembremo-nos ainda de incluir em nossos planos o desenvolvimento dos recursos que serão necessários para a execução de nossas Resoluções de Ano Novo. Isso é atuar com realismo, mantendo nossas Resoluções dentro de nossas reais possibilidades. Resoluções perfeccionistas, que incluem expectativas altas demais, resultam em fracasso. E, além do fracasso, que não agrada ninguém, ainda temos um prejuízo adicional: o fracasso afeta negativamente a nossa disposição para levar adiante as nossas Resoluções. Entáo desistimos, e por que? Porque nossas Resoluções náo eram realistas! Lembremo-nos, ainda, de definir Resoluções de Ano Novo favoráveis a si e aos outros! Vejam: se definirmos Resoluções favoráveis a nós mesmos e também aos outros, sejam eles nossos familiares, parceiros, amigos, colegas de trabalho ou de estudo, clientes, enfim, membros de nossa comunidade em geral, os outros não resistirão, não se oporão, à execução de nossas Resoluções! Ao contrário, além de não resistir, os outros possivelmente colaborarão para a execução de nossas Resoluções. Porém, se nossas Resoluções favorecerem apenas a nós, em detrimento de outros, encontraremos resistência, ao invés de colaboração! E possivelmente falharemos em executar as nossas Resoluções!
Fazer um levantamento de todos os aspectos de nossa vida atual, buscando identificar áreas de problemas. Para cada área de problema, gerar uma ou mais metas. E para cada meta, definir sub-metas, ou seja, estratégias de ação que permitirão a sua realização. Em outras palavras, problemas referem-se a como as coisas estão hoje, metas a como desejaríamos que as coisas fossem no futuro, e sub-metas se referem a ações que nos levarão dos problemas às metas. O ser humano é um ótimo solucionador de problemas. As habilidades de planejamento, criatividade e execução, que dependem prioritariamente de uma região do cérebro, o lobo frontal, que nos humanos se desenvolveu mais do que nos demais seres, renderam ao homem a possibilidade de dominar o mundo, a despeito de suas vulnerabilidades e de seus defeitos. Enquanto o comportamento dos outros animais é programado pelos instintos, o homem é capaz de soluções originais e criativas diante de dificuldades. Entretanto, essa faculdade pode ser adversamente influenciada e reduzida, por exemplo, em decorrência de algumas de suas experiências de vida, ou pela falta de modelação por outros significativos, ou pela aprendizagem. Alguns de nós, então, somos melhores solucionadores de problemas do que outros. Observamos, por exemplo, que pacientes depressivos, ansiosos ou suicidas apresentam um déficit em habilidades de resolução de problemas; e, quando implementamos um programa de desenvolvimento ou restauração de habilidades para resolução de problemas, reduzimos significativamente a severidade do transtorno inicial. Mas as habilidades para resolução de problemas podem ser desenvolvidas, se nós nos organizarmos e elaborarmos uma lista de problemas e metas. Então, tenhamos nossa lista de problemas e metas para 2013! E nós saberemos que estamos mais proficientes em habilidades para resolução de problemas no momento em que, diante de uma dificuldade, automaticamente pensarmos: qual é o meu problema? Qual é a minha meta? Que estratégias, ou sub-metas, eu poderia gerar para atingir minha meta? Notem ainda que essas habilidades podem ser desenvolvidas por você em outras pessoas que o cercam! Ao ver um de seus "outros significativos" angustiado diante de uma situação, encoraje-o com as mesmas perguntas: qual o seu problema? Qual a sua meta? E as possíveis sub-metas nessa situação? Dessa forma, os estarão ajudando a também se tornarem melhor solucionadores de seus problemas diários, grandes e pequenos. Não podemos desejar não ter problemas, pois eles fazem parte da vida. Mas podemos desejar ter, e nos esforçar para ter, boas habilidades para resolve-los, mesmo quando a solução de um problema signifique aceitar que ele não tem solução!
No processo de execução de nossas resoluções, uma vez desenvolvidas a competência para a realização de tarefas, e a motivação que nos impulsiona em direção à sua execução, necessitamos ainda ser otimistas, isto é, acreditar na nossa possibilidade de sucesso mesmo na ausência de provas concretas de que esse sucesso ocorrerá. Segundo Seligman, há três ingredientes para o sucesso: competência, motivação e auto-confiança ou otimismo. Inicialmente, acreditava-se que apenas a competência em uma determinada área - esportiva, tecnológica, acadêmica, profissional em geral, etc. - era suficiente para que alcançássemos o sucesso na realização de nossas metas, fossem elas metas auto-impostas ou impostas por outros. Porém, observava-se que, entre os competentes, alguns alcançavam o sucesso, enquanto que outros não. Propôs-se então uma outra variável que explicasse por que apenas alguns competentes eram bem sucedidos em suas tarefas e desafios, e outros não: a motivação. Essa variável, definida como o impulso em direção à realização de uma tarefa, resultou em uma ênfase quase exagerada em programas de desenvolvimento de motivação. Qualquer professor ou gestor corporativo que não entendesse de motivação - especialmente como desenvolvê-la em seus alunos e subordinados - era olhado com incredulidade. Porém, ainda assim, alguns competentes motivados eram bem sucedidos, enquanto que outros não. Na busca de uma terceira variável que pudesse predizer o sucesso em determinadas áreas de competência, chegou-se ao conceito de otimismo. Defino o otimista como aquele que acredita na possibilidade de sucesso mesmo na ausência de provas concretas de que esse sucesso ocorrerá, em contraposição ao pessimista, que defino como aquele que não acredita na possibilidade de sucesso mesmo na presença de provas concretas. O otimista esforça-se por adquirir competência em determinada área, imprime motivação em seu desempenho; mas, além disso, ele ainda confia em sua competência e motivação a fim de que elas possam se materializar em seu desempenho. De que forma? Quando acredito em minha competência, meu estado disposicional é positivo, o que concorre para a materialização de minha competência no meu desempenho. Ao contrário, quando não confio em minha competência, essa cognição resulta em um estado disposicional negativo, envolvendo ansiedade e desmotivação, estado que atua como um obstáculo à materialização de minha competência em meu desempenho. Otimistas, como todos, podem fracassar; mas, diante de fracassos, levantam-se e persistem, tantas vezes quantas necessárias, até chegarem ao sucesso. O otimismo está associado a bom desempenho profissional, à determinação e persistência em direção a metas, a baixa incidência de patologias orgânicas e psicológicas, e a boa comunicação interpessoal nos âmbitos social e profissional. Então, em 2013, tenhamos a Resolução de investir no desenvolvimento de nossas competências - seja como pais, educadores, gestores, cidadãos, etc. - e no desenvolvimento de nossa motivação. Mas, acima de tudo, acreditemos em nossas competências e em nossa possibilidade de sucesso, a fim de que nossas competências e motivação possam se materializar em nossas realizações!
Grandes homens, grandes criadores, grandes empreendedores são todos proficientes em adiar gratificação. Caso não o fossem, não teriam se tornado grandes homens, criadores e empreendedores. Adiar gratificação significa estar disposto a despender hoje os esforços necessários para, no futuro, colher os frutos, obter resultados. Em linguagem popular, significa estar disposto a "pagar o preço" hoje e, mais tarde, alcançar a recompensa. Aquele que busca gratificação imediata, que é movido apenas pela satisfação imediata do desejo e não é capaz de adiar gratificação, corre um grande risco de não ter sucesso em suas empreitadas. Tampouco adiar gratificação nos garante que conquistaremos nossas metas. Porém, sabemos que o sucesso não é privilégio daquele que não caiu, mas é privilégio daquele que caiu e se levantou, tantas vezes quantas foram necessárias, até alcançar o sucesso em sua tarefa ou meta. Conforme costumo dizer, o valor de uma pessoa não se mede pelo número de vezes em que ela cai, mas pela velocidade com que se levanta! Agora, cabe perguntar se vale a pena sacrificar-se hoje por resultados que poderão não vir no futuro! Bem, se assim não fosse, não haveria na história os grandes homens e seus grandes feitos e realizações, que determinaram os rumos da civilização e, para o bem e para o mal, definiram os caminhos que a humanidade trilhou até hoje e continuará trilhando. O interessante é notar que os que buscam a satisfação imediata do desejo e o prazer imediato, a longo prazo parecem cair vítimas do tédio, da desilusão, do desencanto. Ao passo que, a despeito do sacrifício inicial, a realização de uma meta traz a experiência subjetiva do prazer da realização. Essa gratificação, por sua vez, parece encorajar mais realizações. Aqueles que são capazes de adiar gratificação são os realizadores desse mundo. Estejamos entre eles.
Um pouco pedir, um pouco agradecer. Um pouco dar, um pouco receber. Um pouco trabalhar, um pouco divertir-se. Um pouco ensinar, um pouco aprender. Um pouco ler, um pouco escrever. Um pouco cuidar de si, um pouco cuidar de outros. Um pouco de individualismo, um pouco de espírito comunitário. Enfim, saber dosar, de tudo um pouco! E, quanto a cuidar de si mesmo, dedicar-se a viver de forma saudável: alimentar-se bem, de coisas saudáveis e, de vez em quando, de coisas gostosas mas não tão saudáveis!... Praticar atividades físicas, mas, de vez em quando, relaxar no sofá e assistir um bom DVD. Levantar-se cedo, mas, de vez em quando, ficar na cama até meio dia! Enfim, dosar a bebida, deixar o cigarro, cuidar-se! Quanto ao cuidado de nosso corpo, lembremo-nos de que o corpo constitui-se de um sistema complexo, que reúne vários subsistemas, tão complexo que é de se admirar que ele até mesmo funcione, tanto mais da forma tão harmoniosa como o observamos funcionar. Tomamos nosso corpo como um bem gratuito, muitas vezes sem nos determos para refletir sobre o quanto esse bem é precioso e quantas vantagens valiosas dependem de seu cuidado adequado. O corpo humano, na realidade, além de todos os sistemas que o compõem, também é dotado de processos automáticos de auto-regulação, que compensam por irregularidades ocasionais! Poderíamos dizer que, caso lhe permitamos, nosso corpo parece ter um impulso inexorável à saúde. Resta-nos permitir que esse impulso possa ocorrer da forma programada. Como? Não atrapalhando! Facilitando seu funcionamento harmonioso, através da oferta de substâncias necessárias e evitando o consumo de substâncias nocivas - que demandem um esforço desnecessário de digestão e metabolização - ou em doses nocivas, como certos alimentos, o álcool, cigarros e outras drogas. Ao mesmo tempo, evitando hábitos sedentários e a vulnerabilidade a estressores diários. E, esforçando-nos para proporcionar ao corpo as condições necessárias ao seu desenvolvimento e funcionamento ótimo, tudo arrematado pela arte de viver bem, sabendo dosar. Esses investimentos renderão lucros incalculáveis hoje e no futuro!
Não deixar para amanhã o que posso ler hoje! Inserir um tempo para a leitura em minha vida diária! Inserir títulos sugeridos por outros, títulos que atraíram minha atenção, livros que adquiri ou ganhei há tempos e ainda não abri! Livros que tratam de crescimento pessoal! Quanto gostaria de me expor àquelas áreas de conhecimento, arte e técnicas, por exemplo. Mas parece que jamais consigo encontrar tempo! Tempo deve ser criado por nós, ele não surge por si. Quantas vezes lembrei-me do livro de poesias que o amigo querido publicou, de quem ganhei o exemplar autografado com carinho, e que, após folhear e apreciar, nunca mais abri! Prometi que iniciaria ou retomaria a leitura de uma obra maravilhosa, mas essa promessa ficou pendurada no meu quadro mental (ou senti-mental) de promessas não cumpridas! Ou quanto me emocionei com aquele livro que explicava o desenvolvimento da técnica e a construção de catedrais góticas, as várias outras obras sobre o mesmo assunto que adquiri, mas que jamais abri! Ou mesmo a vasta coleção de revistas técnicas de minha área profissional, cuja leitura tanto me adiciona e dá prazer, mas que lá estão, em uma pilha que aumenta mensalmente, me olhando enquanto para elas olho e, em uma estratégia compensatória, limito-me a prometer que, no dia seguinte iniciarei, enquanto me permito apenas mais um seriado na TV, que pouco me acrescentará... A vida passa, mas tão pouco conseguimos acessar da engenhosidade humana, através dos milênios. Mas, através de uma resolução de Ano Novo, quem sabe? Talvez possamos conhecer um pouco mais, neste segundo de vida de que dispomos da perspectiva da eternidade.
Segundo a teoria cognitiva de personalidade, propomos que o conteúdo das nossas cognições pré-conscientes, que refletem o significado atribuído pelo sujeito ao real, determinam a qualidade e intensidade de suas emoções bem como a forma de seu comportamento. A fim de mudar emoções e comportamentos, o ser humano foi dotado do que chamamos de flexibilidade cognitiva, que lhe permite automaticamente buscar formas alternativas de representação do real, em um processo que reflete um esforço ativo para modulação de suas emoções. Certos indivíduos, em vista de experiências de vida adversas, gradualmente perdem essa flexibilidade, passando a portar o que chamamos de vulnerabilidade cognitiva, uma rigidez que os leva a "encalhar" em sua primeira representação de um evento, a resistir a formas alternativas de representação e a privilegiar determinados recortes do real, desprezando outros. Essa vulnerabilidade, ou rigidez, cognitiva o predispõe à instalação de estados emocionais adversos, tais como tristeza, desmotivação, ansiedade, medo, e possivelmente à instalação de transtornos emocionais, como a depressão e os transtornos de ansiedade. Então, vamos nos dispor a uma Resolução de Ano Novo que reflita um esforço ativo em direção ao desenvolvimento de estruturas cognitivas que nos permitam representar o real de forma flexível, experienciando, dessa forma, cognições brilhantes, emoções intensas e comportamentos livres, leves e soltos! Não somente cada um de nós, mas nossos "outros significativos", certamente apreciarão os efeitos dessa Resolução!
Concluindo, há várias outras Resoluções Cognitivas de Ano Novo. Mas, por esse Ano, fiquemos com essas 7 Resoluções. E deixemos as demais para o próximo Ano, de 2014! Aguardem!
Feliz 2013 a todos! Caprichem em suas Resoluções de Ano Novo! E lembrem-se: estejam conosco durante este novo ano. O ITC estará com vocês!
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